Small Caps


Dentre as mais de 400 empresas listadas na bolsa de valores brasileira (a B3), existe um abrangente ecossistema composto pelos mais diversos tipos de empresas com as mais variadas características e especificidades. É comum que classifiquemos essas empresas por fatores específicos, tais quais o setor em que atuam e o valor de mercado que possuem (notadamente seu respectivo tamanho).  É por este último fator que podemos identificar e classificar empresas enquadradas -ou não- como small caps. A capitalização de uma empresa – ou seu valor de mercado – é uma espécie de cálculo estimado do valor financeiro dessa empresa, e é através desse valor de mercado que conseguimos ter uma noção mais precisa do tamanho real de uma companhia.  

O conceito de small cap é simples e conciso: são pequenas empresas, com valor de mercado relativamente pequeno (daí o termo Small Cap – pequena capitalização em inglês). Apesar disso, os parâmetros utilizados para classificar o tamanho das empresas de capital aberto não é único e muito menos consensual, afinal existem diferentes métricas e perspectivas nesse universo acionário do qual as small caps fazem parte.  Apesar das variações quantitativas, os agentes do mercado seguem uma tendência geral para propor a subdivisão destes ativos, cujos valores são próximos aos encontrados na tabela abaixo: 

Como visto, as small caps são empresas cuja capitalização de mercado é maior do que US$300 milhões  mas raramente superam os US$2 bilhões, onde já seriam consideradas Mid Caps (empresas de média capitalização).

Tipos de Empresas e Maturidade do Negócio

Como observado, existem empresas de diversos portes listadas em nossa bolsa de valores. Ações de grandes empresas como as large caps (que possuem grande capitalização de mercado) são ativos de segurança numa carteira de investimentos, dado que são quase sempre boas pagadoras de dividendos e apresentam maior resistência à crises e riscos macroeconômicos. Apesar disso, seus retornos são limitados pelo baixo potencial de crescimento futuro dessas empresas, uma vez que já são verdadeiros colossos e líderes de mercado nos setores em que atuam. Nesse sentido, buscar por aquelas ações que apresentam potencial de se tornarem uma large cap no futuro pode ser vantajoso para o investidor com perspectiva de longo prazo. Afinal, se as grandes empresas cresceram muito no passado, as pequenas têm muito a crescer no futuro.

 

Importância no seu portfólio

“Nunca coloque todos os seus ovos numa única cesta” .Você provavelmente já escutou essa frase em algum momento da sua vida, mesmo que em contexto totalmente alheio ao mundo dos investimentos ou da economia. Apesar de simples e sem autor definido, a frase acima contempla uma das regras de ouro para a composição de um portfólio consistente e vencedor: a diversificação.

Nesse sentido, a inclusão de small caps em sua carteira de investimentos pode ser uma ótima maneira de diversificar o risco e aumentar suas chances de retorno no longo prazo. Isso porque, como já falamos, as small caps são empresas menores, mas isso não significa que elas serão pequenas para sempre. Um bom e recente exemplo a ser citado é a Magazine Luiza (MGLU3), que caiu nas graças do investidor ao oferecer retornos astronômicos após um bem sucedido e competente turn-around, computando em suas ações uma alta superior a 2.400% desde então (mesmo após uma queda que beira os 50% nos últimos 12 meses).

*Cotação em 10/11/2021

Ainda que hoje seja uma das mais importantes empresas listadas na B3, a Magalu já foi (até o passado recente) considerada uma small cap, dado que em 2015 possuía valor de mercado inferior a R$500 milhões.

A conclusão disso tudo é que ao contrário de empresas já consolidadas e que possuem grande participação no mercado em que atuam, as small caps ainda possuem muito terreno a conquistar e as possibilidades de crescimento são inversamente proporcionais ao tamanho que possuem. A enorme maioria das grandes empresas já foram um dia uma small cap, e o investidor que acreditou nessas empresas na época foi com certeza recompensado pelo fator exponencial do tempo e por acreditar nessas empresas no estágio de maturidade correto.

 

Menor cobertura do mercado

Encontrar boas oportunidades de investimento em empresas que são constantemente analisadas por gestores e profissionais do ramo pode ser uma tarefa complicada para o investidor médio, cujas chances de superar um profissional do mercado são no mínimo baixas. Quanto às small caps, porém, o jogo muda e vira-se a favor do pequeno investidor. Isso ocorre porque a cobertura de um setor ou empresa pode ser muito custosa àquele que o faz, e esse custo é injustificável quando falamos de empresas pouco conhecidas ou pouco negociadas, dado que o volume de negócios beneficiado por essas análises não seria tão relevante (como é o caso das small caps).

Essa cobertura insuficiente do negócio faz com que a cotação desses ativos invariavelmente descole de seus fundamentos ou do lucro/ perspectivas de crescimento apresentadas pelas empresas. Nesses momentos, boas oportunidades de compra podem surgir para o investidor que esteja atento a essa classe de ativos. 

 

Fora do radar dos institucionais

Um outro fator a ser considerado é o volume de negociação desses ativos, que possuem menor liquidez quando comparados com as large caps e blue chips. Esse fato faz com que investidores institucionais (como fundos de investimento e family offices) tenham grande dificuldade para investir em small caps e raramente se posicionem nesse tipo de ativo, ainda que enxerguem oportunidades claras e visíveis. Para fins de exemplificação, imagine que um fundo possui 20% de uma small cap com valor de mercado de 1 bilhão de reais, consolidando uma posição de 200 milhões na empresa. Se o gestor decidir por qualquer motivo se desfazer completamente desses papéis, terá extrema dificuldade em fazê-lo sem que sofra prejuízo na operação, devido à baixa liquidez dos papéis, que torna os preços mais voláteis e as cotações mais suscetíveis à operações em grande volume.

Essa dificuldade para montar e desmontar posições faz com que muitos investidores de grande porte evitem investir em small caps, mais um fator positivo para o investidor médio que tenha interesse nessas empresas.

 

Qual a melhor forma de investir em small caps?

Elencados os motivos acima e tendo como premissa que a decisão de investir em small caps tenha sido tomada, existem algumas maneiras distintas de executar tal movimento. Em suma, existem três principais estratégias para investir nesse tipo de ativo: através da compra direta de ações na B3, por meio de algum ETF (fundo de índice) ou através de fundos de investimento tradicionais (com gestão ativa).

 

Compra direta

Apesar de possível, a compra direta de small caps não é recomendada para o investidor iniciante, principalmente pela característica de maior risco associado a essas empresas.  Nesse sentido, o investimento nessas empresas através de um ETF ou fundo tradicional se mostra mais seguro e prático para o investidor que busque fazê-lo com segurança. 

 

ETF – Fundo de Índice

Um fundo de índice pode ser uma opção interessante, principalmente pela redução no risco não-sistêmico e diluição do risco associado ao negócio de cada uma das small caps que o compõem. Por constituir uma cesta de ativos bem diversificada, um ETF permite a aquisição de diversas empresas com características semelhantes com pouco capital e baixos custos de manutenção ( fundos passivos tendem a apresentar taxas de administração mais baixas quando comparados a fundos tradicionais). Um dos fundos de gestão passiva que viabiliza esse movimento é o ETF SMAL11, cuja performance busca acompanhar o Índice Small Cap (SMLL). Esse índice constitui uma carteira teórica composta por ativos do tipo small cap e que funciona através de mecanismos de avaliação de desempenho, tal como é elaborado o funcionamento do principal índice de nossa bolsa, o Índice Bovespa. Como evidenciado no gráfico abaixo, o índice relativo às small caps apresentou rentabilidade expressivamente maior quando comparado ao índice geral da bolsa brasileira, o bovespa.

Analisando o período contemplado entre 2009 e 2020, um investimento em SMAL11 teria garantido ao investidor um rendimento de aproximadamente 427,11%, contra os respectivos 186,26% apresentados pelo BOVA11 (ETF que segue a performance do Ibovespa). 

Obs: rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. 

Fundo de Gestão Ativa

Outra opção são os fundos de gestão ativa que buscam oportunidades em empresas de baixa capitalização – as small caps. Nesses fundos, os gestores buscam encontrar empresas “subavaliadas” pelo mercado e que constituam oportunidade de investimento com potencial de valorização dos papéis. 

Como previamente citado, as small caps são menos estudadas por analistas de grandes bancos e instituições financeiras, possibilitando assim descasamentos entre o preço de tela (cotação) e o valor real daquela companhia aos olhos de um determinado gestor. Essa análise qualitativa é a principal vantagem apresentada pelos fundos de gestão ativa, onde as habilidades e experiência do gestor são peças-chave da equação e podem resultar em grandes lucros para o cotista. Ainda assim, é necessário salientar que os fundos tradicionais apresentam maiores taxas de administração e performance (em caso de rentabilidade positiva), cuja cobrança pode prejudicar severamente os possíveis ganhos auferidos pela gestão e inviabilizar o investimento de longo prazo nesses fundos.

 

Conclusão

É notório que as small caps apresentam características interessantes e um histórico de rentabilidade muito atrativo. Apesar disso, é necessário lembrar da relação raramente dissociada entre risco e retorno: maiores prêmios estão frequentemente associados a maiores riscos. Isso é também válido para as small caps, que apesar de possuírem maior potencial de valorização levam consigo um risco associado mais elevado ( são mais suscetíveis a oscilações na taxa de juros ou mudanças no espectro macroeconômico dos locais em que atuam, por exemplo). 

Ressalvas à parte e partindo de uma perspectiva abrangente, o investimento em small caps se mostra extremamente atrativo para o investidor com perfil mais arrojado. Fora do radar dos grandes investidores e menos conhecidas do que as empresas de renome internacional, as small caps apresentam enorme potencial de crescimento e valorização, tornando- se praticamente indispensáveis para a composição de uma carteira diversificada, rentável e eficiente, capaz de surfar os diferentes ciclos econômicos e absorver os melhores prêmios e rentabilidades durante cada um destes.


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