Pela teoria econômica, quando há uma aceleração da inflação projetada, o Banco Central do Brasil, através do COPOM — sigla utilizada para definir o Comitê de Política Monetária, formado pelo presidente, diretores e chefes de departamentos do Banco Central — tende a aumentar a taxa básica de juros (Selic). Por isso, conseguimos entender o aumento de 0.75 p.p. na taxa básica de juros na última reunião do COPOM, no dia 16 de junho.
Nesse cenário, conseguimos ver uma tendência de alta na taxa de juros, que visa conter a aceleração inflacionária. Esse movimento de ascensão se iniciou guiado principalmente pelas medidas expansionistas realizadas no ano de 2020, que tinham como objetivo auxiliar famílias e empresas de pequeno e médio porte.
Além dessa medida, para a economia doméstica, somam-se a injeção de liquidez, flexibilização das medidas de distanciamento social e cronograma de vacinação. Tais fatores, como consequência, aceleram a demanda, sobretudo, do setor de serviços, que tem relevância significativa na economia brasileira. Já no cenário internacional, temos um grande impulso na demanda do setor de commodities, principalmente por produtos minerais e vegetais por parte de China e Estados Unidos, contribuindo para uma maior pressão inflacionária no cenário interno.
Expectativas de mercado
A sinalização do COPOM a partir de março, manifestada desde então com dois aumentos consecutivos de 0.75p.p. para um processo de normalização parcial do estímulo monetário[1], nos levam a acreditar em uma ancoragem de expectativas para o aumento da inflação. Esse fenômeno é observado amplamente no aumento dos preços de supermercados e transportes, impactando principalmente os mais vulneráveis
Antes do aumento da taxa básica de juros, o risco de inflação acima do teto de 2021 era considerável, o que poderia impactar negativamente a inflação em 2022.
Com uma meta definida pelo CMN de 3,75%, o ajuste da taxa básica de juros pelo COPOM realinha a trajetória inflação com as expectativas de mercado, que enxergam 2022 e 2023 bem próximos do centro da meta (IPCA de 3,6% e 3,25%, respectivamente, pelo Relatório Focus e Comunicado do COPOM, em maio[2]).
Notas explicativas:
[1] – https://www.bcb.gov.br/publicacoes/atascopom/17032021
[2] – https://www.bcb.gov.br/publicacoes/atascopom
Com uma taxa básica de juros sendo ajustada para cima, há pela literatura um impacto na taxa de câmbio, principalmente em relação ao dólar. Para os próximos meses, o real tende a se valorizar frente ao dólar, já que a paridade das taxas de juros se torna mais próxima e no processo de ajustamento não é necessária uma desvalorização da moeda local.
Gabriel Lima
Kevin Mattos
Nathalia Rubio
Randre Cardoso
Vinicius Ratola