Conhecendo os produtos de Renda Fixa
Utilizados por investidores menos propensos a riscos, isto é, conservadores, a Renda Fixa (RF) é um segmento de aplicações com data de vencimento pré-estabelecida, que tem como característica o conhecimento da taxa de remuneração ou o indicador econômico, pré e pós-fixado respectivamente, que será pago no momento da compra do título, além de possuir, em alguns produtos, a segurança dada pelo Fundo Garantidor de Crédito.
Em 2020, com um cenário de baixa da taxa básica de juros da economia, tivemos uma queda nos investimentos em produtos de renda fixa (RF) em geral, resultando em um registro de fuga de capital no montante de R$ 95,2 bilhões no mês de julho. Entretanto, dada as incertezas em relação à recuperação da atividade econômica em virtude da pandemia de COVID-19, o mercado financeiro sofreu novamente uma reviravolta e, em agosto do mesmo ano, os produtos de RF voltaram ao topo dos ativos mais procurados por quem busca investir.
Contudo, devido a baixa rentabilidade encontrada nesses produtos em relação aos ganhos que se pode ter no mercado de renda variável, muitos brasileiros ainda não estão familiarizados com esses ativos e, quando querem investir seu dinheiro com pouco risco, escolhem a poupança. No presente artigo, vamos apresentar alguns produtos desse segmento e seus principais diferenciais.
Como anteriormente mencionado, a Renda Fixa possui dois tipos de rentabilidade: as pré-fixadas, com o valor exato do rendimento conhecido no momento da aplicação (Exemplo: 3% ao ano), e as pós-fixadas, com taxa de retorno atrelada a algum índice (Exemplo: IPCA, SELIC, etc), onde receberemos o juro vigente no momento do resgate.
Um exemplo desses modelos encontramos nos Títulos Públicos Federais. Os TPFs são títulos emitidos pelo Governo Federal, por meio do Tesouro Nacional, com a finalidade de captar recursos para o financiamento da dívida pública. Em função disso, são vistos pelo mercado como de baixo risco, pois há poucas chances de um Governo não honrar com o pagamento do título no momento do vencimento. Os Títulos Públicos Federais disponíveis para negociação são divididos nas seguintes categorias:
Tesouro Pré-fixado
Esse ativo possui uma rentabilidade pré-fixada, sem relação alguma com outro indicador, ou seja, se no momento da contratação for acordado uma taxa de 9%, essa será a taxa de remuneração até o vencimento. Assim, as LTNs são feitas para quem acredita que a taxa de juros prefixada será maior que a SELIC ou que o IPCA.
Tesouro Selic (LFT)
A Letra Financeira do Tesouro é um título pós-fixado que acompanha a variação da taxa básica de juro básico da economia. É um dos mais indicados para aqueles que querem um produto semelhante a poupança, porém com uma rentabilidade maior, por pagar ao investidor 100% da SELIC, enquanto a poupança, por via de regra, rende 70% ao ano da taxa SELIC + TR enquanto essa estiver abaixo de 8,5% e, quando a taxa de juros está acima dessa porcentagem, a poupança rende 0,5% ao mês + TR.
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F)
Neste caso, você também sabe no momento da compra o retorno que será obtido no vencimento do papel. No entanto, duas vezes ao ano é pago o chamado cupom – juros devidos até aquela data. A vantagem da Nota do Tesouro Nacional série F é que através do pagamento dos cupons semestrais você passa a ter um fluxo de caixa sem precisar vender o título antes do vencimento.
Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal)
A Nota do Tesouro Nacional série B Principal é um título da categoria híbrida, combinando uma parte do retorno prefixado, e o restante indexado ao IPCA. Sendo assim, o investidor fica protegido caso ocorra um aumento dos preços no período em que seu dinheiro está aplicado, e ainda restitui no vencimento o valor aplicado mais um ganho real.
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B)
Semelhante ao Tesouro IPCA+, porém com o recebimento de juros semestrais. Nesses pagamentos periódicos somente se tem o retorno pré-fixado, sendo a inflação paga ao investidor na data de vencimento.
As instituições financeiras também emitem produtos com rentabilidade fixa para captar recursos para gerir suas atividades ou para financiar mercados como o imobiliário e o agronegócio.
Certificados de Depósitos Bancários (CDB)
Títulos que são emitidos pelas instituições financeiras, com prazos e ou regime de rentabilidade (pré ou pós) também estabelecidos no momento da contratação, porém que tendem a pagar mais pelo seu investimento por possuir mais risco de crédito que o Governo.
Letras de Crédito Imobiliário e Letras de Crédito do Agronegócio (LCI e LCA)
A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) são dois tipos de investimento isentos de Imposto de Renda. Ambas são muito parecidas com os CDBs emitidos pelos bancos, porém o que muda é o lastro do papel. As letras de crédito imobiliário, por exemplo, são lastreadas na carteira de empréstimos relacionados ao setor imobiliário. Elas podem ser lançadas pelas sociedades de crédito imobiliário, companhias hipotecárias que queiram captar recursos, além das instituições financeiras.
Já as letras de crédito do agronegócio são títulos usados para captar recursos para os participantes da cadeia do agronegócio. As LCAs são empréstimos concedidos a produtores rurais, para financiar tanto a comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos agropecuários, insumos ou até máquinas e implementos usados no setor.
Certificados de Recebíveis Imobiliários e Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRI e CRA)
Com isenção do Imposto de Renda e com lastros semelhante as LCI e as LCA, o que difere o CRI e o CRA é que quem emite esses papéis são empresas Securitizadoras. Ademais, esses produtos não estão cobertos pelo FGC, sendo assim, o risco de crédito ao se tomar esse investimento é maior, o que afeta diretamente o seu rendimento final.
Debêntures
Instituições não financeiras de Sociedade Anônima também podem emitir títulos a fim de captarem recursos para sanarem suas dívidas ou para expandirem através das Debêntures. São emitidas de 4 tipos: Simples; Conversíveis (onde se pode trocar a dívida por ações da companhia; Permutáveis (podendo ser trocada por ações de outra companhia) e as Incentivadas (aquelas com isenção fiscal, que buscam financiar projetos de infraestrutura).
Imposto de Renda e IOF na Renda Fixa
Para aqueles que não possuem isenção de IR, como o caso dos títulos para o setor imobiliário e o agronegócio, os ativos de Renda Fixa seguem a tabela de tributação regressiva, conforme abaixo:
Já o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incide sobre aplicações cujo resgate aconteça antes do 30º dia de investimento. Sendo assim, se o resgate acontecer entre o 1º e o 29 º dia de investimento, incidirá sobre o rendimento o IOF, além do imposto de renda devido.
Da mesma forma que ocorre no imposto de renda, quanto maior do o prazo de resgate, menor será a alíquota cobrada.
Analisando todos os tipos de ativos de Renda Fixa, podemos concluir que esse mercado foi pensado para atender diversos tipos de investidores, que possuem pouco ou um grande capital para começar a investir, que queiram aplicar em curto ou longo prazo, além de possuir diversas variações para quem deseja correr pouco ou um maior risco. Sendo assim, seu dinheiro pode ser aplicado em produtos conservadores mais rentáveis que a poupança – atualmente rendendo 1,4% ao ano – com mesma liquidez e maior segurança. O aconselhável é pesquisar a fundo sobre todos os tipos de produtos disponíveis no mercado financeiro, diversificar a sua carteira a fim de mitigar os riscos e buscar um rendimento médio seguro e de acordo com os seus objetivos.
Fontes: