Private Equity


Criado nos Estados Unidos durante a década de 80, o Private Equity é uma modalidade de investimento em empresas de capital fechado, ou seja, companhias que não estão listadas na bolsa de valores, por ainda não terem realizado seu IPO (oferta pública inicial). Nesse sentido, o investidor aporta diretamente o seu capital na empresa que aparenta ter um grande potencial de crescimento a médio e longo prazo em troca de uma participação acionária nela, a fim de futuramente vender essa participação por um preço maior e, por consequência, obter lucros excepcionais com essa operação. Geralmente é adotada a opção de cash-in, isto é, todo o dinheiro será injetado exclusivamente na empresa, diluindo a participação dos sócios antigos, uma espécie de “dividir para multiplicar”.

Esse investimento pode ser feito por grandes empresas, instituições, fundos de investimentos em participações (FIPs) – mais conhecidos como fundos de private equity – ou até mesmo por investidores individuais.

Diferenciais do private equity

Esse tipo de investimento é muita das vezes essencial para o crescimento sustentável de uma empresa de sucesso. Uma vez que a companhia recebe o aporte de investidores em troca de ações, os interesses de ambos se alinham em: potencializar o crescimento e torná-la mais rentável.

Por isso, essa modalidade é comparada a um casamento, porém, com um claro e estipulado divórcio. A metáfora é utilizada já que na maioria dos casos, tanto os donos quanto o private equity investor terão que tomar decisões em conjunto, necessitando entrar em um consenso nas medidas a serem adotadas. Outrossim, após certo prazo, o private equity investor venderá sua participação e, por conseguinte, encerrar-se-á esse relacionamento.

O investimento em private equity ocorre da seguinte forma:

Vantagens

Tanto a empresa, quanto o investidor podem ter vantagens, para a primeira os projetos da companhia poderão ser feitos com capital próprio, graças à injeção de dinheiro, ao invés de usar empréstimos a juros elevados com um banco, além de receber, também,  todo o know-how, expertise e network do private equity investor. Dado que os recursos contaram com a gestão de um especialista, tende a trazer melhores condições de retorno e redução de riscos. Ademais, a empresa ao obter esse investimento, traz uma certificação de qualidade para o mercado, pois um fundo só investiria nela se tivesse diferenciais e uma boa qualidade de serviço ou produto a oferecer ao mercado. Tornando, assim, o negócio mais competitivo e com maiores chances de sucesso.

Já o investidor estará aplicando seu dinheiro em empresas que possuem maior potencial de crescimento, consequentemente, maior retorno sobre o capital investido no médio/longo prazo. Por se tratar de um investimento alternativo, acabam ajudando na diversificação de risco da carteira, ao escolher ativos com baixa correlação. Como terão participação relevante na empresa, acabam possuindo esse poder de tomada de decisões e entrando na linha de frente do negócio, ficando menos à mercê dos controladores. Além de deter papel relevante na prosperidade da economia, gerando mais empregos e contribuindo para a sociedade diretamente.

Desvantagens

As desvantagens, entretanto, também podem ser correlatas, pois os donos das empresas correm o risco de perder o controle total da empresa, caso seja realizado um deal de controle hands on. Precisarão prestar contas ao fundo, aumentando a burocracia, ao incrementar níveis de governança corporativa, o que proporciona maior transparência aos acionistas, porém acarreta em custos — de tempo e dinheiro — para a companhia, sem mencionar em todo o esforço necessário para concretizar o investimento.

Assim como todo investimento que possui maior perspectiva de rentabilidade, acompanha um risco mais elevado para o investidor. Além do grande risco de mercado e falta de garantias reais, a liquidez escassa, por se tratar de fundos fechados, pode ser um grande empecilho para quem decide resgatar o capital aplicado antes do final do fundo, visto que se trata de um investimento de longo prazo.

Ciclo de vida das empresas e fases de financiamento

 

 

Ao longo do ciclo de vida de uma empresa, ela pode receber diversos tipos de investimentos, dependendo de sua necessidade e estágio de maturação. No gráfico acima, percebe-se que um negócio pode receber investimentos desde sua fase embrionária (seed), até mesmo as que estiverem em declínio — em fase de recuperação judicial devido à uma má gestão, por exemplo — dependendo da visão e expectativas do investidor ao enxergar oportunidades em uma aquisição estratégica.

Existem outras sub-modalidades famosas de investimento em empresas de capital privado (private equity), são elas:

Investimento Anjo

O Investimento Anjo é aquele investimento realizado em start-ups nas fases iniciais ou em ideias promissoras que ainda não foram completamente validadas. Quanto mais embrionária a empresa for, mais risco tende a ter, todavia, podem crescer exponencialmente.

Este termo surgiu nos teatros da Broadway, nos Estados Unidos, onde as produções das mundialmente conhecidas peças de teatro e musicais eram viabilizadas por meio de investimentos de multimilionários. Daí o termo “angel investor”. 

Venture Capital

O Venture Capital é aquele investimento focado em empresas de até médio porte, as quais, possuem grande potencial de crescimento e que apresentem até mesmo um faturamento baixo por serem novas. Normalmente é focado em negócios relacionados à tecnologia e que já passaram pelo MVP (produto viável mínimo).

Devido à grande repercussão desse termo, foi criado um conceito de que PE e VC seriam tipos de investimentos diferentes. Sendo o primeiro apenas investimentos em empresas de médio a grande porte não listadas na bolsa de valores, e o segundo em empresas de pequeno e médio porte. Contudo, vale salientar que o venture capital é um tipo de private equity, ou seja, está contido.

Financiamento Mezanino

O Financiamento Mezanino é um híbrido de dívida e participação que é concedida ao credor os direitos de converter a dívida em uma propriedade ou participação societária na empresa. No geral, é feito esse financiamento em empresas que possuem um bom track record no setor com reputação e produtos bem estabelecidos, um histórico de rentabilidade e plano de expansão viável, como, por exemplo, aquisições, expansões ou até uma oferta pública inicial (IPO). Em outras palavras, esse modelo de dívida conversível, fica entre o “térreo” – a dívida – e o “primeiro andar” – o equity, portanto, foi denominado de “mezanino”.

PIPE

O PIPE (private investments in public equity) já não é considerado private equity, pois consiste na compra de ações negociadas na bolsa por um preço inferior ao valor de mercado circulante (CMV) por ação. Entretanto, esse método se assemelha muito aos investimentos em private equity, visto que tradicionalmente são emitidas novas ações ordinárias a um preço definido para o investidor, a fim de possuir papel de relevância nas decisões a serem tomadas pela empresa. Por já estarem na bolsa de valores, existe uma maior facilidade de venda de ações, ou seja, maior liquidez.

Vulture Financing

O Vulture Financing é feito no estágio final de uma companhia, isto é, quando ela entrou em crise, devido a falta de capital e excesso de dívidas. Comumente ocasionada por uma má gestão, fazendo com que ela renegocie suas dívidas em recuperação judicial para evitar a falência. Dessa forma, o PEI terá um grande trabalho para redesenhar uma nova estratégia, mudar o corpo diretivo e dar todo o suporte à empresa, com o propósito de reestruturá-la e alterar sua direção (turnaround), para então, voltar a ser lucrativa e resgatar o seu valor agregado. Ou, essa compra acaba sendo feita pelo interesse em adquirir acesso à marca, patentes, máquinas de alta qualidade, e assim por diante.

Para ocorrer esse approach hands on, o investidor necessita fazer um buy-out. Em outras palavras, o investidor precisa adquirir a posição de controle, por vezes, mais de 50% da companhia, a fim de se tornar o acionista majoritário.

Perspectivas para o Private Equity no Brasil

No Brasil, esse tipo de investimento ainda não é nada acessível, sendo necessário grande quantidade de capital para participar dos Fundos em Participações (FIPs), principal veículo dessa modalidade, cujos maiores cotistas desse tipo de fundo são os Fundos de Pensão. Entretanto, o recente FIP da XP INC. conseguiu atrair 5 mil pessoas físicas ao abaixar o ingresso mínimo do investidor qualificado para R$150 mil.

Ao compararmos a quantidade de investimentos em private equity no Brasil com outros países de porte semelhante, percebe-se que esse tipo de investimento ainda é pouco explorado aqui. Medidas adotadas pelo atual governo, como as mudanças na tributação previstas para serem implementadas, uma taxa de juros (SELIC) em sua mínima histórica de 2% a.a., tendem a fomentar a economia, impulsionando o crescimento das empresas no país.

Outrossim, em momentos em que o mercado está muito eufórico, abrem-se oportunidades de ótimas estratégias de saída, como fazer um IPO, vender a múltiplos elevados a participação. Agora, em momentos de crise, abrem-se diversas oportunidades ótimas de compra, como conseguir um desconto, preço menor, sobre o valor real do ativo.

Portanto, dado o cenário atual, é razoável traçar expectativas que propendem a um grande crescimento e relevância desse setor de investimento alternativo no Brasil nos próximos anos, proporcionando uma perspectiva de ordem e progresso ao país tropical.

Case de sucesso

Um grande exemplo de investimento anjo e venture capital é o renomado reality show: Shark Tank. Nesse programa, os donos de pequenas empresas e/ou startups apresentam seu business para grandes investidores pessoa física, denominados de “tubarões”, em busca de investimento para alavancar o projeto em troca de uma participação acionária na empresa. Esta série possui diferentes versões que são transmitidas em diferentes países, inclusive o Brasil possui sua própria versão.

Para exemplificar esse modelo de investimento apresentado no artigo, trouxe o case da empresa Poppin, cujos donos (Guilherme Ebsui e Filipe Santos) se apresentaram no programa em 2018.

Poppin é uma startup tech, um aplicativo de relacionamento brasileiro que recebeu um aporte de R$900 mil de João Apolinário (fundador da Polishop) e Camila Farani (referência em investimento-anjo) em troca de 10% das ações da empresa e toda a expertise e network que eles possuem para agregar no crescimento da startup nacional.

A plataforma conta com mais de 700 mil usuários e é conhecida pela inovação e eficiência na forma como os “matches” virtuais conseguem virar encontros reais. Ademais, após o investimento realizado, conseguiram aprimorar o produto, lançando novas funcionalidades, plano de expansão para outros países e grandes expectativas para o futuro.


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