Bitcoin x Ethereum


Nos dias atuais, muito se fala sobre Criptomoedas e DeFi. Ao longo deste artigo, iremos abordar o surgimento, semelhanças, diferenças e outras peculiaridades dos dois projetos que possibilitaram todas as principais funções do crypto market: o Bitcoin (BTC) e o Ethereum (ETH), que hoje, representam, juntos, quase 61% da capitalização deste mercado. Além disso, vale ressaltar que estes projetos não podem ser considerados concorrentes, eles possuem objetivos, casos de uso e até mesmo filosofias de design diferentes.

Capitalização de Mercado Total das Criptomoedas

Pela primeira vez discutida em um fórum de criptografia em meados de 2008, acompanhamos o desenvolvimento e implementação nos anos subsequentes da primeira e atualmente maior criptomoeda do mundo, o Bitcoin. Sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto foi lançado um whitepaper (documento informativo) com o nome de “Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System”, que introduziu o conceito de criptomoedas e blockchain. Mais tarde, por Vitalik Buterin, tivemos em 2015 a criação do Ethereum e sua proposta de blockchain 2.0, à partir da idealização de uma espécie de rede de supercomputador descentralizado, o que possibilitou a criação do que chamamos hoje de DeFi (Decentralized Finance).

Tratando mais especificamente de cada um, o BTC foi criado com o propósito de ser uma moeda de troca de ponto a ponto, sem intermediários, com um limite de oferta de 21 milhões de unidades, garantindo assim, a sua característica deflacionária, e, por possuir um mecanismo de consenso chamado de Proof of Work (PoW), dá ao usuário um percentual de chance para autenticar as transações da rede, baseando-se na quantidade de processamento que este participante representa na rede. Atualmente, os maiores problemas do Bitcoin são a velocidade da rede, os altos custos de transação e o gasto excessivo de energia pela rede. A comunidade tenta a cada dia melhorar o algoritmo para que, este, supere tais desafios. Dessa forma, como desvantagem da descentralização, as atualizações da rede demoram mais do que a de ativos digitais centralizados.

Ao se tratar do Ethereum, temos um cenário de aplicação completamente diferente e por isso não podemos dizer que ambos os projetos competem pelo mesmo mercado consumidor. Enquanto o Bitcoin quer ser uma moeda de troca amplamente aceita, o Ether se propõe a ser uma plataforma de desenvolvimento dos Smart Contracts, ou Contratos Inteligentes. Em síntese, Smart Contracts são uma forma de criar acordos digitais através de linguagem de programação que são executados pela rede ETH, estes contratos possuem parâmetros preestabelecidos que serão cumpridos conforme o plano inicial.

Assim como o BTC, o Ether possui as mesmas funcionalidades básicas de divisibilidade, transferência, independência e segurança. Ela também é considerada uma criptomoeda deflacionária, pois apesar de não haver um limite de emissão de ETH, ela conta com um algoritmo de queima de tokens (coin burn) através das taxas pagas pelos usuários. Ademais, podemos citar que a sua blockchain também busca consenso e validação das transações através do PoW, que traz algumas dificuldades semelhantes entre as duas como os problemas de agilidade da rede, taxas altas e elevado consumo energético, porém, em contraponto ao Bitcoin que não possui uma figura central, o Vitalik atua dentro da comunidade e consegue, de certa forma, agilizar os processos de atualização e melhorias dessa rede.

Visualizando este problema com gastos de energia do BTC, a comunidade de programadores e desenvolvedores do Ether tomou a decisão de mudar seu mecanismo de consenso para o Proof of Stake (PoS), e dessa forma, a rede passa no ano de 2022 pelo momento que chamamos de Merge. O Proof of Stake é um modelo que para conquistar a chance de autenticar um bloco e ganhar sua recompensa é levado em consideração a quantidade percentual de moedas que o validador possui travado dentro da rede. O The Merge se trata de um momento de transição onde a rede passa por um modelo misto de PoS e PoW, e gradualmente muda para PoS, possibilitando assim, maior escalabilidade e redução do impacto ambiental relacionados à energia da rede de uma provável versão 2.0 do Ethereum.

Em um primeiro momento, o Bitcoin revolucionou todo o sistema financeiro tradicional sendo uma forma de dinheiro puramente digital sem ser emitido por organizações governamentais ou qualquer outra autoridade central, e, com a tecnologia blockchain apenas registrando as transações na rede, se torna possível enviar fundos de A para B, estejam eles em qualquer lugar do mundo, de forma trustless e peer-to-peer, ou seja, sem necessidade de confiança em um terceiro para executar o intermédio de tal função.

Em um segundo momento, o projeto de blockchain 2.0 revolucionou o mercado digital com a utilização dos Smart Contracts, ampliando a gama de possibilidades de utilização dessa tecnologia, por se tratar de uma versão mais moderna do blockchain do BTC, é capaz de armazenar diversos outros dados. Em suma, além do armazenamento comum e já conhecido das transações e dos saldos das carteiras, a principal diferença com o avanço da tecnologia blockchain é a possibilidade de rodar códigos de programação dentro de sua rede utilizando o poder computacional de todos os computadores conectados, e dessa forma, incrementar a possibilidade de interações complexas dentro da rede do ETH.

O foco de desenvolvimento da tecnologia blockchain se resumia a dinheiro e pagamentos, e esta proposta do Vitalik possibilitou a distribuição deste com os mercados em geral, permitindo novas classes de ativos a serem transacionadas neste ambiente, tais como certificados, contratos, ativos do mercado imobiliário, propriedade intelectual, obras de arte, e em especial, os serviços financeiros, que nos leva a introdução do conceito de DeFi.

DeFi é uma abreviação para decentralized finance, termo inglês para finanças descentralizadas. Seu objetivo é simplificar e facilitar serviços financeiros, como o contrato de empréstimos e seguros utilizando plataformas descentralizadas e de código aberto, removendo o papel de intermediários como bancos, cooperativas de crédito, seguros, e outras instituições financeiras. Um avanço disruptivo para a integração de pessoas desbancarizadas ao sistema financeiro que tem o Ethereum como atual maior ecossistema em TVL (Total Value Locked), ou em português, o valor total bloqueado na rede.

Comparação entre o TVL do Ethereum com as outras Chains

Ao olhar de um prisma de concorrência entre o ETH e o BTC, um cenário hipotético é criado pela comunidade, nesse cenário o Ether passa o Bitcoin em termos de market cap e passaria a ser a maior criptomoeda do mundo, o que a comunidade chama de The Flippening. Podemos ver que, de fato, durante os últimos anos, o Bitcoin vem perdendo sua dominância frente aos outros criptoativos, e em especial, ao Ethereum.

Porcentagem de Capitalização de Mercado Total (Domínio)

De uma coisa podemos ter certeza: independente do cenário que se concretizar no futuro, a repercussão e importância que ambos os projetos trouxeram para o mundo não terá sido em vão. O Bitcoin e o Ethereum são, indubitavelmente, os ativos digitais de maior importância para a história, tanto pelo desenvolvimento tecnológico e abertura para inovações no mercado de criptomoedas/ativos digitais quanto pelos questionamentos acerca da forma que se opera atualmente no mercado tradicional.

 

Fontes:

https://bitcoin.org/bitcoin.pdf

https://coinmarketcap.com/alexandria/glossary/blockchain-2-0

https://coinmarketcap.com/pt-br/charts/

https://defillama.com/chains

https://ethereum.org/en/whitepaper/

https://finance.yahoo.com/news/ethereum-one-step-closer-solving-224650214.html?guccounter=1

https://www.infomoney.com.br/guias/o-que-e-ethereum/


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *